O partido nacionalista Likud, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ganhou as eleições parlamentares realizadas nesta terça-feira (17) em Israel. A vitória foi por uma boa margem de diferença sobre a coalizão de centro-esquerda União Sionista, cujo cabeça de chapa é o trabalhista Isaac Herzog.
Netanyahu já se reuniu com os líderes de vários partidos e tem a intenção de trabalhar imediatamente na formação do governo, para concluir esta tarefa em um prazo de duas a três semanas, afirma um comunicado do partido de direita do premier, o Likud.
"Contra todas as previsões, conseguimos uma grande vitória para o campo nacional sob a direção do Likud", disse o premiê para os simpatizantes em Tel Aviv. "Agora devemos construir um governo forte e estável", completou.
Afronta à comunidade internacional
O primeiro-ministro Benjamim Netanyahu afrontou a comunidade internacional
ao dizer que “enquanto eu (ele) for o líder não haverá um Estado
Palestino”. [1] Afronta porque a comunidade internacional continua a
apoiar a legitimação de um Estado Palestino. Dentre outros indícios,
vale lembrar a vitória de dois anos atrás quando a Palestina ganhou na
ONU o status de Estado observador não-membro. Apesar de fortes pressões
americanas e israelenses, naquela ocasião, a comunidade internacional
votou a favor do Estado Palestino, tendo votado contra apenas o Canadá e
a República Tcheca (além da Micronésia, do Nauru, do Panamá e das Ilhas
Maurício). Além disso, boa parte da opinião pública americana apoia a solução de dois Estados, ou ainda a resolução dos conflitos
através de um Estado onde coexistiriam judeus e palestinos. [2] Dito
isso, como é que Netanyahu ainda consegue boa margem de apoio político
dentre os israelenses e americanos conservadores?
Em parte o fenômeno se explica por duas causas. Em primeiro lugar,
pelo que o cientista politico Norman Finkelstein chamou de “Indústria do
Holocausto”. Neste trabalho, Finkelstein argumenta que o Estado de
Israel consegue legitimar seu belicismo e a ocupação dos territórios
palestinos ao acusar de antissemitas aqueles que se opõem à politica
externa de Israel. Nas palavras de Finkelstein, “o Estado de Israel usa o
Holocausto e o antissemitismo sempre que enfrenta internacionalmente
algum problema de relações públicas. É impossível atacar a política
externa israelense ou provar que o Holocausto foi explorado para ganhos
pessoais sem que se seja acusado de ser antissemita.” [3] Outra
explicação para a popularidade de Netanyahu é a crescente propaganda
sobre a periculosidade dos programas nucleares do Irã. A histeria
provocada rende votos e torna mais eloquente a retórica belicista do
primeiro-ministro, especialmente para ouvidos da extrema direita. Em
recente entrevista dada por Barak Obama à Reuters [4][5], o presidente
americano desfaz as mistificações de Netanyahu, e, de forma sensata,
argumenta que o melhor a fazer é tornar transparente e paralisar o
programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções econômicas.Como se sabe, o Congresso Americano é formado por maioria republicana. Não é de se estranhar que a recente visita de Netanyahu aos EUA tenha servido de comício para o israelense, aumentando sua popularidade dias antes das eleições em Israel. Boa sorte para Issac Herzog, líder e candidato da oposição, que até pouco tempo era um mero desconhecido internacionalmente, mas que ainda assim poderá retomar o diálogo com outros países que não sejam os tradicionais aliados de Israel. [6]
Para informações relacionadas às afirmações deste texto, ver os artigos abaixo:
[1] http://www.haaretz.com/news/israel-election-2015/1.647212, acesso em 15/3/2015.
[2] http://www.brookings.edu/~/media/research/files/reports/2014/12/05-american-opinion-poll-israeli-palestinian-conflict-telhami/israel_palestine_key_findings_telhami_final.pdf, acesso em 15/3/2015.
[3] http://www.revistaforum.com.br/frivoloeprofundo/2013/08/05/norman-finkelstein-uma-gangue-de-malandros-e-canalhas-se-enriqueceu-usando-o-sofrimento-o-martirio-e-a-morte-de-milhares-de-judeus/, acesso em 15/3/2015.
[4] https://www.youtube.com/watch?v=qrJGNBFDs0g, acesso em 15/3/2015.
[5] http://www.reuters.com/article/2015/03/02/us-usa-obama-transcript-idUSKBN0LY2J820150302, acesso em 15/3/2015.
[6] http://www.prospectmagazine.co.uk/world/israeli-elections-what-happens-if-herzog-wins, acesso em 15/3/2015.
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