terça-feira, 14 de julho de 2015

Redes sociais, grande mídia e a arquitetura do golpe

Um espectro ronda o Brasil: trata-se do golpe de Estado, a tentativa desesperada de derrubar o governo federal que foi democraticamente eleito. Nessa empreitada golpista, sob a eufêmica bandeira do impeachment, setores conservadores da sociedade brasileira têm se mobilizado nos diversos meios de comunicação. Nas redes sociais, pseudo-analistas, de praticamente todas as faixas etárias, estão se transformando em ícones do pensamento conservador. Nesse sentido, podemos citar Kim Kataguiri, o jovem mais retrógrado do Brasil, o “pelego racial” Fernando Holiday e o astrólogo autointitulado filósofo Olavo de Carvalho, guru da direita brasileira.
 Não obstante, diversas calúnias sobre a presidenta Dilma Rousseff têm sido exaustivamente compartilhadas no Facebook. Basta uma breve leitura da sessão de comentários da página virtual da Folha de S.Paulo, por exemplo, para constatarmos que as redes sociais estão sendo cada vez mais utilizadas para propagar discursos de ódio. Mesmo matérias que nada têm a ver com o cenário político ensejam enxurradas de ofensas ao PT e à presidenta. Conforme já apontamos em outro artigo, “dê um mouse e um teclado para um sujeito intolerante e verá até onde pode chegar a ignorância humana”.
 Por sua vez, mais discreta do que os “revoltados online”, porém não menos golpista, a grande mídia também vem contribuindo na tentativa de derrubar a presidenta, seja na seletividade de notícias sobre corrupção, na manipulação de dados estatísticos, no superdimensionamento da atual crise econômica, na personificação dos problemas brasileiros na figura de Dilma Rousseff ou na produção de infográficos que visualizam uma suposta realidade política após a deposição da presidenta.
 Desigualdades estratosféricas
 Também é importante destacar o bombardeio ideológico sofrido pelo atual governo presente nas colunas ultraconservadoras de publicações como Veja e Folha de S.Paulo, nos comentários raivosos dos articulistas políticos das principais emissoras de televisão (Carlos Lacerda seria considerado dócil se vivesse nos dias atuais), nos conteúdos dos programas humorísticos “politicamente incorretos” e nas falas dos “especialistas” (acadêmicos não reconhecidos pelos seus pares, mas que expõem na mídia suas ideias preconceituosas travestidas de “análises científicas”).
 Evidentemente, o presente artigo não pretende defender o governo (diga-se de passagem, tratar-se-ia de uma tarefa extremamente controversa), mas preconizar pela conservação dos mínimos preceitos democráticos duramente conquistados pela sociedade brasileira. Em um país que passou por séculos de escravidão, vice-campeão mundial em concentração fundiária (só perdemos para o vizinho Paraguai) e marcado por estratosféricas desigualdades em todos os âmbitos, é preciso que os setores progressistas se levantem e denunciem quaisquer tipos de manobras que possam representar retrocessos políticos, econômicos e sociais.
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Escrito por: Francisco Fernandes Ladeira 
Fonte: Observatório da Imprensa
 Francisco Fernandes Ladeira é especialista em Ciências Humanas: Brasil, Estado e Sociedade pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e professor de Geografia em Barbacena, MG

http://www.fndc.org.br/

Criança geopolítica assistindo o nascimento de um novo homem

A pintura surrealista do espanhol Salvador Dali, “Criança geopolítica assistindo ao nascimento de um novo homem”, datada de 1943, mostrar um planeta Terra aparentemente plástico, cujo meio é rasgado vorazmente por um homem que tenta libertar-se daquela clausura. Sob o planeta, um pano branco manchado por um liquido vermelho que parece ser sangue, causado pela abertura. Sobre o mesmo planeta, um objeto esfíngico e sombrio. Apontando para um dos continentes do astro, um ser aparentemente feminino, tendo a seus pés uma criança que parece muito assustada.



Golpe na composição do Conselho de Comunicação Social tem nota de repúdio


As entidades da sociedade civil subscritoras da presente nota vêm a público expressar seu repúdio pelo procedimento inconstitucional, ilegal, antirregimental e ilegítimo que levou à homologação de uma nova composição para o Conselho de Comunicação Social (CCS), na última quarta-feira (8/7). Desrespeitando o §2 do Art. 4º da Lei nº 8.389, de 1991, e o Decreto Legislativo nº 77/2002, o Congresso supostamente escolheu os novos conselheiros numa sessão conjunta entre Senado e Câmara dos Deputados. Entretanto, sem quórum deliberativo, a referida sessão sequer submeteu as indicações para votação secreta em plenário. Ainda que o tivesse, a previsão constitucional exige aprovação dos indicados por maioria simples das duas Casas legislativas, o que definitivamente não foi observado pela Mesa Diretora do Congresso – no dia, menos de 90 deputados e apenas 14 senadores estavam reunidos.

Como se não bastasse a flagrante violação de dispositivos constitucionais e legais, ainda foram nomeados para uma das vagas do CCS destinadas à sociedade civil dois ministros de Estado: Henrique Eduardo Alves (Turismo – titular) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia – suplente). Entre os ocupantes de outras vagas para a sociedade civil estão um ex e um atual servidor da Secretaria de Comunicação do Senado e a diretora do Instituto Palavra Aberta, que só tem associações empresariais como associadas.
 Vale lembrar que o setor empresarial já possui vagas próprias na composição do CCS. Desta forma, o Congresso Nacional dá um novo golpe contra a sociedade civil, desrespeitando por completo este espaço de participação social e demonstrando não ter discernimento nem mesmo para reconhecer, de forma transparente e republicana, as organizações sociais que atuam no campo das comunicações no país.

Desde seu início, o Conselho funciona sem critérios claros para sua composição, sobretudo no que diz respeito às cinco vadas da sociedade civil. Por isso, em abril de 2014, um significativo conjunto de entidades, que acompanham de perto o trabalho do Conselho e reconhecem sua importância para o diálogo com a sociedade sobre assuntos estratégicos para o país, lançou uma plataforma defendendo maior transparência e participação no processo de escolha dos representantes do Conselho de Comunicação Social.

Neste documento, foi proposto que, entre os critérios que o Congresso deveria considerar para indicar os representantes da sociedade civil, deveria constar justamente o fato do conselheiro/a ser representante de meios comunicação comunitários, universitários e públicos ou de organizações atuantes no tema das comunicações – visando, justamente, a garantia da pluralidade no âmbito do órgão. Na ocasião, também foi defendida como premissa a equidade nas questões de raça, gênero e regionalização dos representantes. Com base nestes critérios, foram indicados, com o apoio da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular (Frentecom), da Câmara dos Deputados, um conjunto representativo de nomes.

Agora, perto do CCS completar um ano de inoperância – a última gestão teve seu mandato encerrado em agosto de 2014 –, o Congresso homologa novos conselheiros num processo que começou sem a necessária divulgação prévia de seus nomes e terminou numa “eleição” sem quórum. Para piorar, a posse dos supostos novos conselheiros já está agendada para o próximo dia 15 de julho, numa tentativa de consumar um fato eivado de ilegalidade e ilegitimidade.

Nesse sentido, reivindicamos que seja declarada a nulidade dessa escolha e que o Congresso Nacional aja com responsabilidade na recomposição desse espaço, especialmente com relação às vagas da sociedade civil, de modo a permitir a efetiva participação de organizações representativas da sociedade civil, que atuam em favor da garantia do direito à comunicação e da liberdade de expressão no Brasil. 
- Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC
- Central Única dos Trabalhadores – CUT
- Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
- Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social
- Associação das Rádios Públicas do Brasil – Arpub
- Viração
- Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão – Fitert
- Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do DF – Sinttel-DF
- Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações – Fitratelp
- Viração Educomunicação 
- Intersindical - Central da Classe Trabalhadora

-Agência Social – Central Nacional para Movimentos e Organizações Sociais

Record já prepara demissão do elenco da novela "Os dez mandamentos", sucesso de audiência

Os donos da TV Record estão satisfeitos; a novela "Os Dez Mandamentos" é sucesso, tem bons índices de audiência, chegou a ganhar da Globo, usa efeitos especiais gravados em estúdios nos Estados Unidos, terá uma duração mais longa em razão da boa aceitação dos telespectadores e a trama tem obtido boa repercussão. Tudo isso, claro, se traduz em muitas verbas de publicidade e muito dinheiro para os donos da TV Record.

Mas, para os atores e atrizes a perspectiva é outra,  quando a novela chegar ao fim, quase todo o elenco será demitido, alguns até já foram afastados da emissora. Os contratos com que tinham  vigência até março de 2016 foram antecipados para setembro de 2015. 
Fim de ano com promessa de muitos desempregados da emissora do bispo Edir Macedo, mesmo com os altos lucros obtidos.

Crossfit, a moda faz história na costa do Pacífico



Muita atenção aos Aussies 2015 da Pacific Regional que combinam as regiões da Ásia e da Austrália, para um throwdown em Wollongong, na Austrália. O Brasil já conta com muitos grupos praticantes.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

"Rastros de Ódio" uma nome de filme apropriado ao estilo de fazer política do senador Aécio Neves:disseminar confrontos e raivas pessoais


Incapaz de aceitar as regras democráticas, o péssimo perdedor, senador Aécio Neves não faz outra coisa a não ser falar mal da presidente Dilma e do PT. Todos os dias, se possível a cada  minuto, a sua prática é de terra arrasada, Queima tudo. Espalha e semeia ódio por todo o País, joga e incentiva dissidências pessoais, do mesmo tipo de coerção dos pastores evangélicos sobre o grande rebanho. Sem pensar, sem refletir. Ouvir, aceitar e obedecer.Aécio Neves com sua portentosa máquina de propaganda e publicidade invade todos os poros da comunicação com ataques ao governo, à pessoa da presidente, a todos os políticos e eleitores do PT e que se identificam como esquerda. Protegido por um forte esquema judicial, policial, econômico e de mídia, o senador tucano conspira dia e noite, incessante e sem parar. Veste a armadura do ódio e abre as suas ventas em investidas raivosas e agressivas. Por isso, no rastro que constrói passa a ser o Cavaleio do Ódio que jamais poderá ser o príncipe capaz de unir a Nação.  

Sua herança será o ódio e o desprezo de multidões, de muitos milhões de homens e mulheres que até compreendem a sua deselegante, desrespeitosa e em várias situações até covarde maneira de dirigir-se a uma mulher; em vez de elevar o debate para o bem de toda a Nação resvala para a cova infecta da agressão pessoal.

A política mesquinha do denuncismo é uma farsa para esconder bandidos, isso se sabe. Os rastros de ódio são necessários a quem não tem propostas para o debate.  Daí a agressão estúpida e desnecessária, como a postura já demonstrada na campanha eleitoral ao ofender a candidata com palavras de "mentirosa" e outras  usadas pelos torturadores de Dilma Rousseff. Neste episódio o senador provou ser um homem sem escrúpulos, sem princípios e que, para chegara o poder, é capaz de tudo, sem o menor senso de fraternidade com um semelhante.

Na oposição a prática é a mesma, Ofensas que se tornam indignas e levianas a se dirigirem, em primeiro lugar, à presidente da República e,segundo, por se tratar de uma mulher.
Por estas e outras o senador carioca de Minas Gerais  não tem a grandeza que se faz necessária para ousar lançar-se ao cargo de presidente e ostenta enormes pés de barro quando a avaliação se refere à honestidade pública. Maculada por suspeitas, inquéritos e processos.

Um outro senador, Luiz Carlos Prestes, dignificou o Senado brasileiro com uma eleição consagradora como o Cavaleiro da Esperança, em favor da paz, para o desenvolvimento da Nação, fortalecimento da classe operária e de todo o povo explorado em um país soberano e menos desigual. Contrário a tudo isso, o atual senador tucano, Aécio Neves,  passa a ser o Cavaleiro do Ódio ao não aceitar o resultado das urnas e abrir enormes rastros de ódios fascistas que precisam ser contidos e evitados.

Frente ao ódio é preciso acreditar em um mundo melhor, possível com a nossa unidade coletiva e social, em uma sociedade fraterna e não desigual, na qual rastros de ódio pessoal sejam transformados em pegadas de esperança e de solidariedade. 

Aécio Neves,os tucanos e os seus aliados em geral forçam o TCU a achar alguma erro nas contas da campanha da presidente eleita

Na Câmara dos Deputados, a manipulação do TCU pelos tucanos, ao ponto em que um dos ministros já havia até declarado seu voto contra a aprovação, em público, foi respondida de maneira definitiva pelo deputado do PSC, ao advertir: 

"Respeitem a presidente Dilma! Nesse TCU tem dois ministros citados na Lava Jato".

A reprovação das contas da campanha eleitoral de Dilma Rousseff é o desejo de consumo da oposição para avançar com o golpe do impeachment ou da anulação da eleição. O governo fraco, com o PT escangalhado, tenta se salvar em meio ao bombardeio golpista. 

A conspiração campeia solta e o apoio dos Estados Unidos reforça as estocadas para desapear a presidente Dilma do poder. O golpe está sendo tramado e executado. Os lado mais podre da política nacional manipula e ilude para impor uma campanha ostensiva contra a corrupção, campanha custeada e bancada pelos setores mais corruptos da sociedade brasileira.
O golpe em marcha é de piratas dos cofres públicos que denigrem os adversários moralmente para esconderem as suas próprias falcatruas, das quais têm imunidade judicial e nem se tornam pautas da imprensa empresarial.

O golpe é pelo botim aos cofres públicos, é um assalto aos direitos sociais, trabalhistas, sindicais, previdenciários como política de estatal. Será, em sua efetivação, um assalto às finanças públicas mediante a privatização do Estado e a instauração do estado policial, sob a condução da razão cínica demo-tucana sustentada pelo aparato de governança de agências norte-americanas. 
Eis o que nos ameaça. 
  

Papa exorta fiéis a manterem a sua fé revolucionária para criar alternativas à humanidade do capital


“O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos da elite e dos poderosos. Ele está fundamentalmente nas mãos dos povos e na sua capacidade de se organizar e promover alternativas criativas na busca diária por trabalho, moradia, terra”, apontou o papa.


 Quando o capital se torna um ídolo e direciona as escolhas dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina o sistema socioeconômico, ele arruína a sociedade, condena o homem, tornando-o escravo, e destrói a fraternidade entre os povos”, disse o Papa.

O Papa Francisco fez, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, um discurso político com firmes posições sociais da sua igreja, em favor do povo que luta por direitos básicos: Precisamos e queremos uma mudança que atinja o mundo inteiro porque hoje a interdependência global exige respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença”, explicou.

Orquídeas, algumas espécies de muita procura

Bulbophyllum Medusa
Exótica é a palavra que melhor define este gênero de orquídea. Impossível não ficar hipnotizada ao apreciá-la com seus “cabelos” longos e um delicioso perfume cítrico. Mas você provavelmente vai enontrá-la apenas em exposições.


Drácula vampira
São conhecidas como “cara de macaco” e muito apreciadas por colecionadores. O preço desse tipo de orquídea ainda é alto, mas vale o investimento! É planta linda que exige lugares úmidos e sombreados.


Arundina bambusifolia
Muitas pessoas cultivam esta planta sem saber que se trata de uma orquídea.  A Arundina é muito usada como cerca-viva em canteiros de condomínios. É uma orquídea terrestre, que precisa de sol direto para florir

Governo aumenta limite de comprometimento de aposentados e pensionistas com empréstimos consignados

Com mudança na regra pelo governo, trabalhador e aposentado pode comprometer até 35% da renda com dívida.

A medida provisória que amplia esse limite da renda do trabalhador ou aposentado de 30% para 35% determina que esse percentual a mais (5%) só poderá ser usado para pagamento de compras com o cartão de crédito. Especialistas em finanças domésticas advertem que a ampliação do limite da renda que pode ser comprometida com crédito consignado deve ser vista com cautela e com planejamento na hora de contrair o empréstimo.

Rastros de ódio: esta é a a única atividade do senador Aécio Neves ao ofender e injuriar todos os seus adversários, semeando ódio e intolerância



Estatuto da Criança e do Adolescente completa 25 anos sem ter alcançado os seus objetivos. O Estado não cumpre o ECA

O Estatuto, no entanto, é uma legislação muito mais ampla do que apenas um elenco de punições. Ele nasceu com a ambição de proteger as crianças dos erros cometidos por adultos. Em 1990, o Brasil sofria uma série de críticas nacionais e internacionais pelo excesso de meninos de rua, drama que ainda persiste nas principais cidades do país.

Marcella Gavinho é assistente social e coordenadora do programa Circo Social do projeto Crescer e Viver, onde lida com 70 crianças e adolescentes carentes de 7 a 17 anos. “Eles nos colocam o tempo inteiro em xeque. É um desafio diário”, diz.
Para Marcella, que é uma ferrenha defensora do ECA, o país tem uma imensa dívida com os jovens. “Que dívida é essa? A precariedade do acesso à escola, ao esporte, ao lazer, à cultura. O Estado não cumpre o Estatuto”. Ela considera o ECA um avanço. “Antes, havia as primeiras-damas fazendo a política do assistencialismo e só. Durante décadas foi assim, sem esquecermos do Código de Menores, de 1927, que também veio para punir a infância”.
Em relação à redução da maioridade penal, a assistente social é enfática e afirma que o Brasil já pune seus jovens ao invés de ressocializá-los. “O sistema é tão precário que busca uma forma de punir ainda mais.”
Para Miriã Moreira, diretora do Colégio estadual jornalista Barbosa Lima Sobrinho, do Degase, deve haver um movimento da sociedade para que o ECA seja colocado em prática. “Quando o jovem é bem assistido, há um grande avanço”. Miriã, que convive diariamente com 176 jovens infratores, é contrária à redução da maioridade. “Não posso ser a favor se eu sei que o poder público não faz o dever de casa”.
Enquanto isso, nas ruas do Centro do Rio, L. , um menino negro, de 15 anos, ganha vida engraxando sapatos. Trabalha 12 horas por dia, cobra R$5 por cada serviço. Ele mora em Duque de Caxias e está fora da escola desde o final do ano e sonha em ser bombeiro.
L. conta que seus pais permitem que ele trabalhe e não pedem que qualquer contribuição financeira. O menino usa seu minguado dinheiro para comprar roupas e comer misto-quente com Coca-Cola, seu lanche preferido. “Não sei o que é ECA”, diz o garoto que, tampouco sabe o significado de redução da maioridade penal.
‘REDUZIR A MAIORIDADE É RETROCESSO’, afirma Rita Camata, relatora do ECA
Musa da Constituinte, a ex-deputada federal Rita Camata tem boas lembranças da época em que foi a relatora do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1988. Nesta entrevista, Rita, hoje no PSDB e longe das urnas desde 2010, condena a redução da maioridade penal e defende, em contraposição à medida que considera eleitoreira, modificação no Estatuto. “A redução é uma bomba atômica. Ela vai explodir lá na frente.” Confira.
1. Quais as lembranças daquela época?
— Olha, é importante resgatar o que o ECA significa para o país. Ele veio de uma mobilização popular, dos movimentos populares que nos procuraram para oferecer a ideia; veio da certeza de que era preciso amar e educar as crianças do nosso país. O senador Ronan Tito (PMDB-MG, militante cristão ligado à ala progressista da Igreja Católica) aceitou subscrever a emenda. E eu fiz a relatoria.
2. Então a senhora considera o ECA um avanço...
— Sim, vários avanços vieram do ECA, que cuida da criança desde o ventre da mãe: o pré-natal, a vacinação, a obrigação da criança estudar perto de casa, e outros. A mortalidade infantil também, a gestação assistida, o teste do pezinho. O ECA é uma lei generosa, o olhar de uma mãe para seu filho. É amor, limite e proteção. Foi um longo debate com audiências públicas, a primeira lei com participação popular. Foi lindo!
3. E a redução da maioridade penal, aprovada após polêmica manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que foi derrotado na véspera?
— Sou contra. Ela está prevista no ECA, que pode ser modificado e é uma lei bem melhor que a penal, com punições aplicadas desde os 12 anos. É uma Justiça específica, não a Justiça criminal. Ela prevê ressocialização em locais adequados.
4. Então as mudanças devem ser feitas no ECA, não na Lei?
— Hoje há uma grande confusão. A maioridade está na Constituição desde 1946. Se é para mudar algo, que se aumente o tempo de restrição de liberdade. Esta lei foi fruto de um grande consenso de especialistas. Hoje fala-se muito desta lei à base de ‘achismos’, as pessoas não sabem o que falam. Há uma grande confusão entre maioridade e impunidade. No Brasil, só 7% dos crimes são solucionados.
5. A violência do país é culpa do adolescente?
— Virou panaceia falar que o adolescente é responsável pela violência, quando o que vemos é a omissão do Estado e da família. É um retrocesso sem tamanho reduzir a maioridade. Na Justiça comum, cair num juiz é uma loteria, e quem cumpre sentença neste sistema carcerário sofre. Redução é uma bomba atômica, que vai explodir lá na frente. Entendo o sentimento, mas é uma discussão histérica. O Estado é negligente, a família é negligente. Falta uma política preventiva, e o ECA não é cumprido. Redução é uma decisão política. Vamos parar de blábláblá, de jogar a responsabilidade na ECA. O ECA é limite, é amor e amor. O que precisa é o Estado cumprir com o seu papel!

http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-07-13

Quem defende a ditadura civil-militar não é inocente: está a serviço do retrocesso, do arbítrio e da prepotência, por isso resistir é preciso, contra o golpe e pela demoracia